terça-feira, 14 de outubro de 2008

Meu nome é Ser Humano

Sentiu o ranço já ao acordar.
Sentiu essa sujeira, essa umidez podre e sórdida.
Sentiu essa ânsia, esse zumbido misterioso, esse cutucão debaixo do cérebro.
Sentiu carbono sobre carbono, peça sobre peça, sem a menor intenção de fazer sentido.

Peça dispensável de sua própria existência, um incontrolável enxame de suas próprias células, paralisado, hipnotizado, catatônico, uma mentira feita de sistemas nervoso, linfático, circulatório, respiratório, metros e metros de intestino grosso, movido por uma fagulha desconhecida, uma fagulha burra e irracional, um punhado de glândulas, a própria besta de Frankenstein, uma piada de bilhões de anos, o sonho de um sonho aos olhos do firmamento.

Tenta dar nome às coisas, como fez seu pai, como fez o pai dele, e como todos fizeram, por todas as gerações.
Tenta enquadrar em uma fórmula, pôr em um papel, criar um teorema, decifrar esse enigma.
Tenta tirar o chorume infernal de cima de si, tenta desvencilhar-se desse abraço fétido, desse desconfortável calor repentino, desse mar de sujeira que coça em toda a parte.

Inútil. Onde está, há sujeira de sobra.

3 comentários:

Unknown disse...

O Sujo vai curtir esse. Ok, piadas absurdamente grotescamente fracas à parte, eu curti.

Baltazar disse...

achei maneiresko ,tem até chorume *-*

João Roberto disse...

pseudo-intelectual u.u

ah treee
._.